quarta-feira, 3 de setembro de 2008

E se...

Como perguntar não ofende, tenho colocado esta questão a muitos camaradas do Partido do Coração:

E se o MPLA não vencer? O que acontece?

Baseados em pesquisas secretas, que circulam apenas dentro do partido e que apontam para uma vitória esmagadora que daria 4 cadeiras ao M para cada cadeira da oposição, os camaradas apenas respondem: "Não há hipótese".

A resposta me deixa um pouco preocupado. Não muito, porque poderiam responder "fechamos a Assembléia e adeus democracia". Mas ainda assim um pouco preocupado, porque ninguém disse "Aceitamos o resultado e governamos com a oposição, já que essa terá sido a vontade do povo".

O "não há hipótese" significa que ninguém sequer cogita essa possibilidade. O pior revés que sofremos é sempre aquele que nos pega desprevinidos...

Como nada disso vai acontecer e o MPLA vai ter mesmo uma vitória esmagadora, não faz mal nenhum elocubrar. Pratique o exercício do voto. Responda à questão na enquete ao lado. As urnas fecham amanhã.

4 comentários:

Anônimo disse...

É uma pergunta séria, mas que, em Angola, neste momento e até sábado não se põe.A resposta é, e será sempre até lá, essa mesmo, "não há hipótese", "está tudo sob controlo"," tá no papo".O problema mais grave no meu entender,vai ser a abstenção.Luanda, apesar de opiniões contrárias, poderá ser um problema para o MPLA, mesmo tendo baixado substancialmente o preço da cerveja.Será que o alcool vai influenciar o pensamento das pessoas, as suas frustações vão desaparecer, a fome evapora-se, as doenças viram curáveis, as prostitutas viram mulheres sérias, a água começa a jorrar em todas as casas, a luz ilumina para sempre as nossas cubatas e o lixo, será banido das nossas ruas?.Os musekes viram condomínios? O civismo, a educação, o respeito pela liberdade de cada um, será possível ou só um milagre?

Migas disse...

Sim Fernando. O alcool costuma fazer isso tudo. Pior é a ressaca e o pós-ressaca. :o) Já agora, aposto que tem visto as notícias na rtp. Todos os dias fazem uma reportagem sobre Angola, certo? Eu até curto que passem essas reportagens tão bonitinhas. É da maneira que a minha mãe acha que afinal, a filha está num país sem lixo e sem mussekes e não me pergunta quando eu volto. Ora bem, eu até acredito que às vezes seja preciso focarmo-nos nas coisas boas mas, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Nem o trânsito eu vi nas reportagens. Só condomínios, só bancos, só optimismo! Mas rir, rir, foi quando vi a reportagem no shopping e que referiam que agora o angolano pode comprar tudo lá! Uma maravilha! Eu diria que, face aos preços, só os angolanos ricos compram lá! E os outros? Hummm, se calhar não existem "os outros" e são só fantasias da nossa cabeça.

Anônimo disse...

:-) migas, tb me ri nessa reportagem do Belas Shopping, parecia o Dubai, ahahaha...realmente esta semana tenho pensado "o meu País tá o máximo"
Eu, realmente, tb acho F., que não há hipótese, era bom que ninguém ganhasse com maioria absoluta para darmos os primeiros passos em Democracia e os verdadeiros problemas do povo passarem a ser resolvidos com discussão e voto. Não sei se haverá tanta abstenção assim ... acho que o povo está empenhado em participar ...
Se por um fenómeno qualquer estranho - que não me parece - o MPLA não ganhasse, não acredito que se fechasse a Assembléia e neste momento, não está ainda preparado para governar com a oposição, acho que se "compravam" os votos, e os resultados mudavam ...

kandanda disse...

Qual é a admiração do MPLA ter como certa a vitória? Aqui, no cantinho à beira-mar plantado da Europa, com muito Doutor de verdade e muito mais gente que está a ver a carteira a perder poder todos os dias, com manifesto agravamento desde que o Especial On "Socrates" foi arremessado para a liderança da governação do país, e mesmo assim Sócrates e seus infantes já vão trauteando troféu no próximo plebiscito! Com uma agravante, aí o MPLA criou condições para a paz, numa altura em que já ninguém acreditava! Aqui o Engº Sócrates está a criar condições para uma instabilidade socio-económica como já não há memória, pelo menos para as duas últimas gerações a iniciar o direito de voto!