quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Velha Índia

Aeroporto Internacional de Mumbai, 0h30 am, 4 de fevereiro de 2009.

Acabamos de chegar à Índia e, claro, o shuttle do hotel que deveria nos apanhar não aparece. Temos uma conexão para Delhi amanhã à tarde, marcamos um hotel para descansar um pouco da longa maratona de vôos que começou às 6h30 de ontem em Cape Town.

Esperamos uma hora, então decidimos apanhar um táxi pré-pago. Custa 200 rupias, algo como 4 USD. Pagamos no guichê dentro do aeroporto e nos encaminhamos para o ponto de táxi.

O motorista designado é magro, mal-vestido, barba por fazer. Tem a cara da fome e não fala – nem entende – uma palavra de inglês. Damos o nome do hotel, ele não entende. Mostramos no papel, ele não sabe ler.

Rapidamente, juntam-se a nós outros dez taxistas semi-alfabetizados, alguns com rudimentos de inglês, a língua de instrução da Índia, mas nenhum conhece o hotel.

Alguém tem a brilhante idéia de chamar um agente de um mega-cinco-estrelas que está todo engravatado ali a espera de um cliente. Com inglês perfeito, ele entende onde fica o hotel e explica em hindi ao nosso motorista.

Embarcamos. Ele sai dirigindo como um louco pelas avenidas vazias na madrugada, uma mão na direção, a outra na buzina. Chega ao hotel e, claro, não é o lugar correto.

O recepcionista tenta ajudar. Explica de novo em hindi onde fica o nosso hotel. Nova disparada pela cidade, já com o taxista analfabeto a resmungar – afinal ele sabe falar alguma coisa em inglês – preços:

- Five hundred rupees.
- No way, sir. You got the wrong way. It is not my fault.
- Five hundred rupees more.
- No way. I won’t pay.

Ele deve ter entendido, porque afinal não acha o hotel. São 3h30. Precisamos tomar uma decisão:

- Please, take me to the Domestic Airport.
- X&%#@)*%?
- Domestic Airport.
- Domestíc?
- Yes, domestíc.

Ele volta para o aeroporto doméstico. Chegamos e ele quer 500 rupias. Dou 100. O erro foi dele. Já estou pagando 300 rupias para não chegar a lugar algum. Ele começa discutir em hindi, não quer aceitar. A P. pára um passageiro indiano que está chegando para embarcar. Ele começa a discutir com o motorista, nos defende, o taxista desiste.

Fico no prejuízo da diária do hotel – que já havia sido paga pela Internet no cartão e provavelmente não será reembolsada – e passo o resto da noite no aeroporto domestíc. Mas tudo acaba bem.

Amanhã, este relato continua com um retrato da nova Índia.

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